BRINQUEDO ASSASSINO

BRINQUEDO ASSASSINO (Child’s Play, EUA, 2019)

Garoto se muda para uma nova cidade com sua mãe. Preocupada com a solidão dele, ela decide dar-lhe de presente de aniversário um boneco com inteligência artificial que, além de ser o companheiro ideal para crianças, executa funções sob comandos de voz. Os problemas começam quando o boneco mostra ser possessivo e muito violento.

Uma refilmagem que consegue ser uma divertida releitura do original de 1988. Mesmo não existindo o mesmo charme do original, o filme funciona , principalmente para quem não viu o anterior. O melhor é que este novo “Brinquedo Assassino” consegue sobressair por méritos próprios, criando uma identidade própria e fazendo uma atualização com temas importantes que não estavam no primeiro.

Cotação: ★★★ (bom)

Boneco

NOITE MÁGICA

NOITE MÁGICA  (Notti Magiche, Itália, 2018)

Famoso produtor de cinema italiano é encontrado morto dentro de seu carro, que caiu em um rio. Três jovens roteiristas que tiveram contato com ele horas atrás são levados a uma delegacia para serem interrogados. Nas recordações sobre o que se passou desde que chegaram à Itália, encontram-se com ícones da era de ouro das produções locais e se encantam com eles.

Em seu novo filme, Paolo Virzi propõe uma viagem nostálgica ao início dos anos 1990, época que o cinema de sua terra natal contava com monstros sagrados Federico Fellini, Mário Monicelli, Bernardo Bertolucci, entre outros. Não é um filme comercial, mas consegue agradar também a quem não curte cinema de arte, mas é uma delícia para os cinéfilos, que matam a nostalgia de muitos nomes do passado, além de se entreter com uma história inteligente.

Cotação: ★★★½  (muito bom)

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NÃO MEXA COM ELA

NÃO MEXA COM ELA  (Isha Ovedet, Israel, 2018)

Bela mulher casada, mãe de crianças pequenas, está passando por dificuldades financeiras, com a crise do restaurante do seu marido, mas ela consegue um emprego de assistente do dono em uma luxuosa imobiliária, e sua situação muda. Porém, à medida em que ela ganha prestígio na empresa, vai se tornando alvo de assédio de seu chefe, que começa comentando sobre sua aparência, até que certo dia passa dos limites.

Um drama bastante forte e atual. Com um estilo típico de um documentarista na ficção, o diretor descreve, com equilíbrio e atenção aos detalhes, o pesadelo que a protagonista passa a viver quando o patrão avança o sinal. A atriz Liron Ben Shlush é ótima. Tem presença encantadora e dá credibilidade a uma personagem angustiada. Suas reações às investidas são realistas, transmitindo no olhar e no gestual a impotência da personagem.

Cotação: ★★★★ (ótimo)

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O REI LEÃO

O REI LEÃO (The Lion King, EUA, 2019)

Jovem leão cresce recebendo ensinamentos do pai, rei da selva, sobre seu futuro reinado, mas se mostra desobediente, do que se aproveita seu tio invejoso para fazer uma armadilha para o atual rei, seu irmão, de olho no trono. Desgostoso e consumido pela culpa, o leãozinho deixa o reino, indo parar em um recanto distante, onde faz amizade com outros animais, que o ensinam a ter prazer pela vida.

Um dos melhores remakes de desenhos animados da Disney até agora, ao lado de “Cinderella”. O diretor entendeu que em time que está ganhando não se mexe e fez este novo “O Rei Leão” extremamente fiel ao roteiro original. Porém, o diretor consegue dar a esta versão sua característica própria, E se a animação original mostrava os personagens em versões cartunescas, este, por vezes, parece até um documentário do reino animal.

Cotação: ★★★★½ (ótimo)

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SIMONAL

SIMONAL (Brasil, 2019)

Um cantor iniciante de conjunto ganha oportunidade de construir uma carreira-solo e o faz, com sua voz marcante, muito carisma e charme, acabando por se tornar uma das maiores vozes de todos os tempos da música brasileira. No entanto, após anos de sucesso conquistado com muito trabalho, problemas extra-palco atrapalham sua carreira.

Este filme que recria a trajetória de um dos cantores mais famosos dos anos 1960 e 1970 não sabe aproveitar a oportunidade, assemelhando-se a outras obras recentes como Elis e Tim Maia – capazes de evocar alguma nostalgia a partir de canções famosas, mas sem a personalidade marcante do artista impregnada em sua forma e conteúdo. Falta ainda a “Simonal” outro fator que poderia tê-lo elevado e que geralmente falta às nossas cinebiografias: atmosfera da época.

Melhor procurar o documentário feito há alguns anos, bem superior.

Cotação: ★★ (regular)

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VELOZES E FURIOSOS: HOBBS & SHAW

VELOZES E FURIOSOS: HOBBS & SHAW (Fast & Furious: Hobbs & Shaw, EUA, 2019)
 
Dois coadjuvantes da trupe de Velozes e Furiosos que se detestam se veem forçados a trabalharem juntos, quando precisam enfrentar um vilão mutante que deseja obter um vírus mortal para matar milhões de pessoas em nome de uma suposta evolução da humanidade. Para tanto, eles contam com a ajuda da irmã de um deles, que é também agente do serviço secreto britânico.
 
Esse empreendimento gigantesco, às vezes divertido, não é um filme da saga Velozes e Furiosos, mas algo como uma história paralela, aproveitando dois personagens subutilizados até então. As cenas de ação são bem elaboradas e os efeitos especiais explicam a fortuna gasta, mas o filme é estendido demais, e o espectador mais exigente se cansa antes da batalha final. Deve ter continuação, mas não merece.
 
Cotação: ★½ (fraco)
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HISTÓRIAS ASSUSTADORAS PARA CONTAR NO ESCURO

HISTÓRIAS ASSUSTADORAS PARA CONTAR NO ESCURO (Scary Stories to Tell in the Dark, EUA, 2019)

Cidadezinha americana é assombrada há décadas pelos mistérios envolvendo um casarão mal-assombrado de uma estranha família. Um grupo de adolescentes decide invadir o local, e encontra no porão um livro macabro, escrito por uma jovem problemática, décadas atrás, despertando forças do mal que fazem com que as histórias do livro comecem a se tornar reais, envolvendo e matando os jovens invasores, um a um.

Um bom filme de terror, que faz justiça ao livro original ao narrar fábulas misteriosas e sombrias. Em vez que focalizar em cenas sangrentas, o diretor utiliza acertadamente imagens surreais, típicas dos pesadelos, sendo por vezes assustador. E trabalha suas aparições com parcimônia, evitando depender de sustos. Efeitos especiais e maquiagem são convincentes na composição de seres macabros, mas o filme não se equilibra somente nisto.

Sendo obra de boa qualidade, as cópias legendadas deveriam ter sido exibidas em cinemas mais centrais.

Cotação: ★★★½  (muito bom

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MEU AMIGO ENZO

MEU AMIGO ENZO (The Art of Racing in the Rain, EUA, 2019)
Piloto de carros de corrida adota um filhote de cachorro, que passa a acompanhá-lo por toda parte, e até aprende a gostar de assistir às competições. O animal cresce, e a amizade entre eles ganha novos contornos quando o piloto conhece uma garota, com quem se casa e tem uma filha. Depois de alguns anos, porém, a esposa passa a ter problemas de saúde, o que afetará a todos na família.
Mais um filme sobre cães desses que parecem estar fazendo muito sucesso comercial nos Estados Unidos, subgênero que começou com “Quatro Vidas de um Cachorro”. O longa vai bem até que o melodrama se instaura, mas o diretor consegue evitar que a obra caia de vez na pieguice, e realiza um filme emotivo, simpático e agradável, na linha familiar, embora simples e quase sempre previsível.
Cotação: ★★★ (bom)
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DOR E GLÓRIA

 DOR E GLÓRIA (Dolor y Gloria, Espanha, 2019)
Cineasta em fim de carreira reencontra e faz as pazes com um ator que foi seu desafeto no passado, e reflete sobre as escolhas que fez na vida, relembrando especialmente sua infância, na década de 1960, seu problema com as drogas, seu relacionamento com a mãe, e sua primeira paixão.
O novo filme de Pedro Almodóvar é uma bela celebração do trabalho cinematográfico, mostrando seus relacionamentos afetivos para revelar suas próprias inseguranças, incorporadas ao personagem principal. Repleto de detalhes autobiográficos, o resultado é um trabalho meticuloso, com diversos toques característicos do diretor.
 
Cotação: ★★★½ (muito bom)

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O PROFESSOR SUBSTITUTO

O PROFESSOR SUBSTITUTO (L’Heure de la Sortie, França, 2018)
Um professor se mata em frente aos alunos adolescentes. O professor contratado substituí-lo logo percebe que um grupo de seis dos seus novos alunos tem comportamento estranho e parece indiferente ao que aconteceu. Aos poucos, ele fica intrigado e passa a segui-los, até descobrir quais são seus planos.
Embora o diretor não consiga sustentar a tensão por toda a projeção, o filme toma emprestado elementos de estilo de suspense e terror para criar uma atmosfera de paranoia convincente. Conta também com um senso inebriante de realidade aumentada e distorcida, que o distancia dos thrillers convencionais. É uma obra curiosa, que merece ser vista.
Cotação: ★★★ (bom)
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