UMA VIDA OCULTA

UMA VIDA OCULTA (A Hidden Life, EUA, 2019)

Fazendeiro austríaco é convocado para servir ao exército alemão e combater na Segunda Guerra Mundial, mas se recusa, por não concordar com os pontos de vista do Nazismo. Passa, então, a ser acusado de covarde e a ser execrado pelos vizinhos, até ser forçado a atender à convocação.

Uma narrativa que se esconde atrás de uma belíssima concepção visual, mas que de forma alguma possui história suficiente para quase três horas de projeção. É uma obra admirável no que diz respeito ao personagem e à estética, mas cansativa. Terrence Malick, autor de obras-primas no passado, faz um filme somente para seus fãs.

Cotação: ★★★ (bom)

 

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LUTA POR JUSTIÇA

LUTA POR JUSTIÇA (Just Mercy, EUA, 2019)
 
Advogado negro recém-formado em Harvard abre mão de uma carreira lucrativa e se muda para o Alabama, onde se dedica a defender prisioneiros condenados à morte que nunca receberam uma assistência legal efetiva. O caso principal com que se depara é o de um homem negro falsamente acusado de um assassinato.
 
Filme de denúncia construído de forma magistral para nos contar uma história real e chocante. Evitando o dramatismo com uma contextualização mais silenciosa, traz um relato comovente da luta de um homem para dar voz aos presos condenados ao corredor da morte. Jamie Foxx e Michael B. Jordan esbanjam talento em seus papéis. Uma obra que toca fundo nos que apoiam a luta pelos direitos humanos.
Cotação: ★★★★½ (ótimo)
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JUDY – MUITO ALÉM DO ARCO-ÍRIS

JUDY – MUITO ALÉM DO ARCO-ÍRIS (Judy, Reino Unido, 2019)

No final de sua carreira, Judy Garland, estrela de primeira grandeza nas décadas de 1940 e 1950, aceita fazer uma turnê de shows ao vivo em Londres, ainda que esse trabalho a mantenha afastada dos filhos menores, dos quais acaba perdendo a custódia. Enfrentando a solidão e velhos problemas com bebidas alcoólicas e outros, tenta compensar o fracasso de sua vida pessoal com a dedicação nos palcos.

Esta cinebiografia de Judy Garland possui tem como grande atração a sensacional performance de Renée Zellweger, merecidamente premiada com o Oscar de Melhor Atriz, mas fica aquém de seu potencial. O filme se atém quase inteiramente ao seu final de carreira, quando poderia abordar abranger outras passagens anteriores. Vale pela atuação de Zellweger.

Cotação: ★★★ (bom)

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O CASO RICHARD JEWELL

O CASO RICHARD JEWELL (Richard Jewell, EUA, 2019)

Um segurança que sonha se tornar policial faz uma carreira tumultuada por sua perspicácia aliada à falta de bom-senso, até que,fazendo a vigilância de um evento das Olimpíadas de Atlanta, em 1996, descobre uma mochila recheada de bombas a ponto de explodir a matar dezenas de inocentes. Porém, seu passado faz com que ele seja considerado suspeito pelo FBI, em vez de herói.

A mais recente joia da notável carreira do excelente diretor veterano Clint Eastwood, que nos últimos anos se concentrou nas histórias de americanos comuns, para denunciar problemas do “american way of life”. Um filme envolvente que se apoia na complexidade de um homem comum. Nas mãos de outro poderia se tornar um filme banal, mas aqui retoma noções de obras anteriores sobre a lacuna entre a realidade e os nobres ideais americanos.

Cotação: ★★★★ (ótimo)

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O ESCÂNDALO

O ESCÂNDALO (Bombshell, EUA, 2019)

Mulheres jornalistas de importante emissora de televisão norte-americana sofrem assédio sexual do idoso presidente executivo da empresa no ambiente de trabalho. Aos poucos, descobrem que outras colegas foram também assediadas, e juntam forças para denunciá-lo e derrubá-lo.

“O Escândalo” é um filme-denúncia competente e objetivo, não apenas quando está revisitando o confronto das jornalistas com seus superiores ou com o presidente. O desenvolvimento de seus personagens, a importância do tema, o ritmo ágil e a direção fluente somam pontos no resultado final. E não se pode deixar de valorizar o elenco, sem esquecer do brilhante veterano.John Lithgow como o CEO da companhia.

Cotação: ★★★½  (muito bom)

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SEGREDOS OFICIAIS

SEGREDOS OFICIAIS (Official Secrets, Reino Unido, 2019)
 
Depois de anos trabalhando como tradutora para um órgão de inteligência nacional britânica, mulher consciente toma conhecimento, em uma mensagem secreta, de que o governo Bush tenta conseguir o apoio inglês para acusar falsamente Saddam Hussein de possuir armas químicas e levar os dois países à guerra contra o Iraque. Ela resolve passar a mensagem para uma amiga pacifista, que por sua vez a entrega a um jornalista amigo, gerando uma repercussão inesperada por ela.
 
Dirigido com eficiência por Gavin Hood, este drama de espionagem e jornalismo aborda uma história real que chega a ser chocante. Brilhante em quase toda a sua projeção e muito acima da média dos filme do gênero, “Segredos Oficiais” é mais do que apenas uma importante história real levada às telas, é um exemplo a ser seguido por produções biográficas futuras. O elenco, liderado por Keira Knightley, brilha.
 
Cotação: ★★★★ (ótimo)
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O MENINO QUE FAZIA RIR

O MENINO QUE FAZIA RIR (Der Junge Muss an die Frische Luft, Alemanha, 2018)
Nos anos 1970, menino que vive com os pais o que parece ser uma infância feliz, fazendo brincadeiras e entretendo os familiares, até que problemas de saúde e a morte de alguns deles marca sua vida de forma traumática. Ele, porém, sobrevive a essas tragédias pessoais refugiando-se no seu lado de artista e performer, trazendo alegria nos momentos de festividades. Mais tarde, se torna um célebre humorista alemão.
Cinebiografia contada de modo divertido e fora dos padrões, mostrando apenas a infância do biografado, dirigida por Caroline Link (ganhadora do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por Lugar Nenhum na África, em 2002). Muito agradável de se assistir, o filme evita seguir as “regras” do gênero, e brilha muito pela luminosa presença do jovem Julius Weckauf, uma revelação, com carisma e forte presença em tela.
 
Cotação: ★★★★ (ótimo)
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SIMONAL

SIMONAL (Brasil, 2019)

Um cantor iniciante de conjunto ganha oportunidade de construir uma carreira-solo e o faz, com sua voz marcante, muito carisma e charme, acabando por se tornar uma das maiores vozes de todos os tempos da música brasileira. No entanto, após anos de sucesso conquistado com muito trabalho, problemas extra-palco atrapalham sua carreira.

Este filme que recria a trajetória de um dos cantores mais famosos dos anos 1960 e 1970 não sabe aproveitar a oportunidade, assemelhando-se a outras obras recentes como Elis e Tim Maia – capazes de evocar alguma nostalgia a partir de canções famosas, mas sem a personalidade marcante do artista impregnada em sua forma e conteúdo. Falta ainda a “Simonal” outro fator que poderia tê-lo elevado e que geralmente falta às nossas cinebiografias: atmosfera da época.

Melhor procurar o documentário feito há alguns anos, bem superior.

Cotação: ★★ (regular)

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DOR E GLÓRIA

 DOR E GLÓRIA (Dolor y Gloria, Espanha, 2019)
Cineasta em fim de carreira reencontra e faz as pazes com um ator que foi seu desafeto no passado, e reflete sobre as escolhas que fez na vida, relembrando especialmente sua infância, na década de 1960, seu problema com as drogas, seu relacionamento com a mãe, e sua primeira paixão.
O novo filme de Pedro Almodóvar é uma bela celebração do trabalho cinematográfico, mostrando seus relacionamentos afetivos para revelar suas próprias inseguranças, incorporadas ao personagem principal. Repleto de detalhes autobiográficos, o resultado é um trabalho meticuloso, com diversos toques característicos do diretor.
 
Cotação: ★★★½ (muito bom)

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TED BUNDY – A IRRESISTÍVEL FACE DO MAL

TED BUNDY – A IRRESISTÍVEL FACE DO MAL (Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile, EUA, 2019)
Rapaz de boa aparência conquista uma jovem mãe solteira e passa a ter um relacionamento com ela. Certo dia, ele vai preso por suspeita de assassinato, mas nega ter cometido o crime e acaba por fugir da prisão, Porém, é recapturado e levado a julgamento. Surgem outras acusações e ela reluta em acreditar que um companheiro tão amoroso possa ter cometido crimes tão atrozes.
Um filme biográfico que não parece ser um, apresentando a sua história de maneira simpática e auto-engrandecedora, como faria o próprio personagem. Zac Efron é convincente como o serial killer que não tem a menor pinta de assassino. Evitando explorar a violência, o roteiro bem estruturado concentra-se em seu relacionamento com duas mulheres, e faz uma investigação inquietante sobre um serial killer real e diferente.
Cotação: ★★★½ (muito bom)
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